Dando continuidade aos pedidos dos leitores, hoje vou falar um pouco de como deve ser a alimentação dos doentes neutropênicos. Tema sugerido pela leitora Fabiana Bernardes.
A neutropenia pode ser um dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer. O problema está relacionado à diminuição dos neutrófilos, tipos de glóbulos brancos, responsáveis por combaterem infecções, ocasionadas por vírus e bactérias.
Uma dieta para um paciente neutropênico tem como objetivo reduzir, significativamente, o número de bactérias e outros microorganismos que poderão ser encontrados em alguns alimentos. Essa é uma maneira de proteger o paciente de possíveis infecções.
Alimentos crus devem ser excluídos do cardápio. Mas isso não significa que o paciente não poderá consumir frutas e verduras, porque elas trazem inúmeros benefícios para o organismo. Retirá-las do cardápio não é saudável. O que deve ser feito é modificar o seu preparo, e utilizá-las em preparações cozidas e/ou assadas.
Abaixo trago um texto ótimo sobre a alimentação de pacientes neutropênicos.
Boa leitura!!
Quais os cuidados alimentares a ter
Este tipo de dieta está recomendada, sempre que um doente apresenta o sistema imunitário enfraquecido como consequência da própria doença ou após certos regimes de quimioterapia que condicionam uma diminuição do número absoluto de neutrófilos para valores inferiores a 500 por mm3 (0,5 G/L). Aplica-se em especial em situações em que este período é prolongado como acontece nas leucemias agudas, em doentes submetidos a quimioterapia, em doentes que foram sujeitos a transplante autólogo de células progenitoras hematopoiéticas (auto-transplante de medula óssea), quer durante a quimioterapia pré-transplante, quer durante os 3 meses ou mais após o tratamento citostático.
Por vezes os doentes submetidos a transplante terão que seguir as recomendações da dieta neutropénica durante um período mais alargado, até que os medicamentos imunossupressores possam ser reduzidos ou suspensos. Existem ainda, casos especiais em que a alimentação passa por um processo de esterilização para garantir a destruição de qualquer germen que possa ter contaminado os alimentos durante ou após a sua preparação
Uma dieta neutropénica tem como objectivo reduzir significativamente o número de bactérias e outros microorganismos que poderão ser encontrados em alguns alimentos e assim proteger o doente de possíveis infecções. Deverá sempre esclarecer as suas dúvidas com a equipa médica que o/a segue regularmente.
O que não deve comer
Evitar todos os vegetais e frutos não cozinhados. Sumos pasteurizados, fruta enlatada e vegetais cozidos são permitidos;
Não é permitida a ingestão de carne, peixe ou ovos cozinhados de forma incompleta (“mal-passados”). Os ovos deverão ser completamente cozidos/fritos desaconselhando-se a ingestão da gema crua;
Evitar nozes e outros frutos secos não cozinhados. Não está contra-indicado o seu consumo em alimentos já cozinhados (bolos por exemplo);
Todos os lacticínios terão obrigatoriamente que ter sido previamente pasteurizados;
Não ingerir iogurtes e derivados com microorganismos vivos (iogurtes bio-activos) e todo o tipo de bolos com creme;
Evitar a ingestão de alimentos em locais onde não se tem a certeza absoluta do seu correcto manuseamento/cozedura;
Ingerir água engarrafada; caso a água provenha de poços, deverá fervê-la previamente durante 1 minuto.
Como preparar os alimentos para doentes neurotropénicos
Lavar sempre bem as mãos antes e depois de manusear alimentos;
Lavar todos os utensílios/superfícies que interagem com os alimentos com muita atenção;
Após preparação de carne ou peixe lavar a superfície com uma mistura contendo uma parte de lixívia em nove partes de água;
Quando estiver a preparar os alimentos deve mantê-los afastados dos cabelos, da boca e do nariz. Remover, se possível, os anéis das mãos;
Lavar a loiça com água quente e detergente e posteriormente deixá-la secar ao ar (não usar pano) ou então lavada e seca na máquina lava-loiça num ciclo com água quente;
Lavar o frigorífico regularmente;
Após a abertura da embalagem de um alimento consumi-lo rapidamente. Deitar fora toda a comida que tenha mais de 2-3 dias;
Eliminar possíveis contatos entre comida cozinhada e crua;
Manter os alimentos frios sempre frios, os congelados sem descongelar e os quentes sem arrefecer;
Descongelar os alimentos no frigorífico
NUTRICIONISTA LETÍCIA MOREIRA
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