A menopausa, que é caracterizada pela ausência de menstruação por um período de 12 meses consecutivos, ocorre geralmente por volta dos 50 anos, e as conseqüências a longo prazo da deficiência de estrogênio propiciam sintomas desagradáveis e sérias doenças. Para a maioria das mulheres nesta fase, coloca-se a decisão de iniciarem ou não a terapia de reposição hormonal, que embora alivie os sintomas e ofereça proteção contra a osteoporose, muitas vezes ocorre às custas de alguns problemas colaterais, dentre os quais se destacam um maior risco de carcinoma do endométrio e da mama.
Diante disso, e considerando o grande número de mulheres que apresentam contra indicações específicas à reposição hormonal com estrógenos, existe um grande interesse de se investigar alternativas à TRH convencional. Uma das alternativas está no uso de fitoestrogênios encontrados principalmente na soja. Estudos epidemiológicos, experimentais e clínicos tem indicado a ação das isoflavonas na redução dos sintomas indesejáveis da menopausa, especialmente das ondas de calor.
Além disso, as pesquisas evidenciam o papel da proteína da soja em reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Um estudo conduzido por médicos do HC-FMUSP comprovou a eficácia e segurança de um alimento à base de soja (rico em isoflavonas e cálcio) na sintomatologia da menopausa. O estrogênio, hormônio produzido nos ovários, exerce efeitos em todo o organismo feminino, não sendo, pois, surpreendente que sua redução progressiva promova efeitos sistêmicos profundos.
Os sintomas da deficiência estrogênica podem ser observados precocemente no climatério, período de transição da vida reprodutiva da mulher, para a fase não reprodutiva (Aldrighi et al., 2000). O climatério está dividido em três fases: perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. A perimenopausa é caracterizada pelo surgimento progressivo de alguns sintomas como ondas de calor, suores abundantes, depressão, irregularidade menstrual e também alterações urogenitais. Essa fase surge por volta dos 45 anos, antes da parada definitiva da menstruação que geralmente já se apresenta irregular.
A menopausa, ou seja, a ausência de menstruação por um período de 12 meses consecutivos, em função da perda da atividade ovariana, somente vai ocorrer por volta dos 50 anos. Depois da parada menstrual definitiva, ocorre o que chamamos de pós-menopausa, que seguirá pelo resto da vida da mulher. As conseqüências a longo prazo da deficiência de estrogênio propiciam sintomas desagradáveis e sérias doenças.
Os sintomas mais freqüentes são os vasomotores, incluindo ondas de calor, sudorese noturna, palpitações, cefaléias e vertigens. Sintomas psicológicos podem também ocorrer e incluem depressão, irritabilidade, fadiga e perda da libido. Entre as doenças silenciosas e progressivas que surgem com a deficiência de estrogênio, pouco percebidas nos primeiros anos do climatério, destaque para a osteoporose, doenças cardiovasculares, demência e alterações atróficas do tecido urogenital, acarretando vaginite, incontinência urinária e dispareunia (Aldrighi et al., 2000; Fernandes, 2003).
Com o aumento da expectativa de vida, admite-se atualmente que a maioria das mulheres deverão viver um terço de suas vidas em estado de deficiência estrogênica, ou seja, na fase da pós menopausa. Por isso, é fundamental que as pessoas se conscientizem da importância da prevenção de doenças, adotando um estilo de vida equilibrado que envolve uma alimentação balanceada, exercícios físicos regulares, manutenção de um peso adequado e restrição do álcool e do fumo. Essas medidas auxiliam no bem estar geral e na manutenção da integridade dos sistemas cardiovascular e osteomuscular (Office of Population...1991; Aldrighi et al, 2000).
Paralelamente a essas medidas, a terapêutica de reposição hormonal é capaz de promover um grande bem estar físico e mental durante a menopausa, prevenindo e/ou tratando a sintomatologia decorrente da carência estrogênica a curto, médio e longo prazos. Freqüentemente são empregados nessa terapêutica os estrogênios, os progestagênios e, eventualmente os androgênios, que além de aliviarem os sintomas indesejáveis, reduzem também o risco de doenças relacionadas ao sistema neurocentral, urogenital e ósseo. Contudo, apesar dos benefícios já conhecidos, a aderência à TRH é muito baixa e isso tem sido relacionado principalmente a alguns efeitos colaterais e riscos, tais como sangramentos vaginais e mastalgia, além de potencial neoplásico para endométrio e mama (Sturdee, 1997; Fernandes, 2003).
Os dados experimentais existentes na literatura quanto a carcinogênese mamária suportam a hipótese que o estrogênio e seus metabólitos estão relacionados tanto com a carcinogênese quanto a carcinocinese do carcinoma de mama. A progesterona, em sinergismo com os estrogênios, parece ter efeito proliferativo na mama, e possivelmente, pró-carcinogênico. O estudo do ?Women´s Health Initiative Randomized Controlled Trial? (WHI) com 16.608 mulheres menopausadas com idade de 50-79 anos, foi o primeiro estudo randomizado controlado a avaliar o uso de uma terapia combinada de hormônios (0,625mg de estrogênios eqüinos conjugados e 2,5 mg de acetato de medroxiprogesterona) em relação a um placebo.
A pesquisa teve que ser interrompida um ano atrás, porque os hormônios causaram aumento significativo do risco de desenvolvimento de câncer de mama (26%), além de aumentar os riscos de ataque cardíaco e derrame (29%). Os hormônios também aumentaram em mulheres com idade superior a 65 anos casos de demência. De acordo com os pesquisadores, a explicação para isso é que possivelmente a terapia, na modalidade avaliada, faça crescer o perigo de formação de coágulos nos vasos que irrigam o cérebro.
Por causa disso, as células nervosas poderiam ser danificadas, o que levaria, por exemplo, ao aparecimento do mal de Alzheimer, enfermidade mais associada à demência (Rossouw et al., 2002; Lacey et al., 2002; Rapp et al., 2003; Shumaker et al., 2003). O estudo supracitado é amplamente considerado o mais confiável e cientificamente rigoroso dos muitos estudos sobre terapia de reposição hormonal. Frente as evidências relacionadas por ele, tem sido cada vez mais considerado a relação risco/benefício da TRH, cujo uso indiscriminado tem sido cada vez mais limitado (Fernandes, 2003).
Diante dessa polêmica, e considerando o grande número de mulheres que apresentam contra indicações específicas à reposição hormonal com estrógenos, justifica-se o interesse atual de se investigar alternativas à terapia de reposição hormonal convencional. Uma das alternativas, está no uso de fitoestrogênios encontrados principalmente na soja, mas também em plantas como a Cimicifuga racemosa, o yam mexicano, o alcaçuz, a linhaça e o trevo vermelho (Lopes et al, 2000).
Os fitoestrogênios são definidos como substâncias com afinidade estrutural com o 17b estradiol. Ligam-se aos receptores estrogênicos, com maior afinidade para os beta e são capazes de produzir efeitos estrogênicos documentados em estudos com animais e humanos
Fonte: Dra. Andrea Dario Frias
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