segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A importância da nutrição para doentes de Alzheimer

Estima-se que no Brasil existam pelo menos um milhão de portadores do mal de Alzheimer, doença que acomete pessoas de 40 a 90 anos e é caracterizada por um declínio cognitivo geral. Além de prejudicar a memória, com o tempo, o problema afeta a linguagem, o aprendizado e até as funções motoras.

Do ponto de vista nutricional, muitos pacientes apresentam perda de peso progressiva e desnutrição, principalmente nos estágios mais avançados. Alterações comportamentais, entre elas agitação, negligência com horários e higiene pessoal ou perda de noção sobre o que se fazer com os talheres e a comida, colaboram para desencadear a recusa ou a voracidade alimentar do doente. Sem contar as dificuldades no processo de deglutição (a disfagia), que provoca tosses e engasgos durante a ingestão de alimentos duros, secos e líquidos. Resultado: não dar a atenção devida às dificuldades alimentares de quem sofre com o Alzheimer pode agravar o estado físico e afetar muito mais a qualidade de vida dos portadores.

Neste sentido, os cuidadores e familiares devem se unir e tomar precauções. A família, aliás, tem papel fundamental na adesão das orientações nutricionais e necessita ficar atenta aos hábitos comportamentais e alimentares do portador. Antes de mais nada, um atendimento nutricional específico irá fornecer informações e orientações adequadas — com base em todas as dificuldades geradas pela doença — para melhorar os hábitos à mesa dos pacientes.

Ensina-se, por exemplo, que a percepção da temperatura dos alimentos pode encontrar-se um tanto alterada no portador de Alzheimer. É função do cuidador, portanto, verificar se a refeição não está muito quente ou muito fria para evitar queimaduras ou até mesmo inapetência. São dicas práticas como essas que amenizam bastante as inseguranças dos familiares quanto à melhor forma de lidar com o doente nas refeições.

AS DIFICULDADES ALIMENTARES PROVOCADAS PELA DOENÇA, SE NÃO IDENTIFICADAS E TRATADAS, AGRAVAM MUITO A SITUAÇÃO E AFETAM A QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE

Outra recomendação básica é que o doente seja submetido periodicamente a avaliações nutricionais, de preferência mensais, durante as quais serão observados ganho ou perda de peso e quantidade e qualidade da dieta ingerida. O objetivo dessas consultas é fornecer ferramentas para que o especialista escolha o melhor tipo de alimentação para a fase em que o portador de Alzheimer se encontra.

De uma maneira geral, é recomendada ainda a adoção de uma alimentação saudável e equilibrada, baseada na pirâmide alimentar: ou seja, rica em fibras e composta por alimentos frescos, de época, que são mais fáceis de serem encontrados e ainda apresentam um custo menor.

O fracionamento da dieta também é importante. O portador deve alimentar- se a cada duas horas ou ainda realizar seis refeições ao dia. Para evitar a desidratação, a ingestão de líquidos deve ser incentivada e atingir em média de 1,5 a 2 litros por dia. Uma ótima opção para hidratar-se, além da água, é abusar das frutas e de sucos naturais, que são gostosos, saudáveis e nutritivos.

Oferecer uma refeição atrativa e variada (com alimentos coloridos e de boa aparência) também incentiva o processo alimentar. Já o uso de suplementos vitamínicos somente deve ser adotado após criteriosa avaliação médica ou nutricional. Afinal, se o portador de Alzheimer estiver aceitando bem a alimentação e esta for bem equilibrada, composta por cereais, leguminosas, carnes, leites, verduras, legumes e frutas (ou seja, rica em calorias, proteínas, vitaminas e sais minerais necessários para a manutenção da saúde do organismo), não há motivo para preocupação.

FONTE: Revista Saúde

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