sábado, 4 de dezembro de 2010

Licopeno e Câncer de Próstata


O câncer é uma doença multicausal crônica, e a sua prevenção tem tomado uma dimensão importante na ciência nos últimos anos, uma vez que é a principal causa de mortalidade no mundo.
Entre os cânceres relacionados a fatores ambientais, sabe-se que a dieta contribui com cerca de 35% dos casos, seguida pelo tabaco com 30%.
A quimioprevenção através dos fitoquímicos presentes nos alimentos representa um grande avanço no papel preventivo da alimentação contra o câncer.
Os carotenóides, juntamente com as vitaminas, são as substâncias mais investigadas como quimiopreventivas, funcionando como antioxidantes dos sistemas biológicos.
Algumas das principais fontes de carotenóides são cenouras e abóboras, tomates e produtos derivados, como extrato, polpa e molhos e espinafre.
O licopeno é um carotenóide sem a atividade pró-vitamina A, lipossolúvel e mais predominante no plasma e nos tecidos humanos. Encontrado em um número limitado de alimentos de cor vermelha, como tomates e seus produtos, goiaba, melancia e pitanga. Os tomates e seus derivados são suas maiores fontes, em média com 30mg de licopeno/Kg no fruto, 150mg de licopeno/litro no suco de tomate e 100mg/kg no catchup. Esse teor varia de acordo com o tipo e o grau de amadurecimento do tomate, sendo que os mais maduros contêm maior quantidade, responsável pela sua coloração mais avermelhada. Além disso, sua apresentação na forma de molho se mostra mais biodisponível, aumentando mais as concentrações séricas, mas sua biodisponibilidade também é afetada pelo calor e pela presença de lipídeos na dieta.
Este carotenóide aparece como um potente agente antioxidante, sugerido na prevenção da carcinogênese, por exemplo, por proteger o DNA de danos oxidativos e melhorar o índice apoptótico.
Estudos epidemiológicos têm encontrado uma associação relevante entre o câncer de próstata e a ingestão de licopeno da dieta, mostrando que homens que consomem mais produtos de tomate têm um risco significativamente menor de desenvolver o câncer de próstata.
Apesar de evidências anteriores suportarem esta função preventiva do licopeno, recentemente estudos têm demonstrado controvérsias. Kirsh e col.6 em um estudo prospectivo mostraram que o aumento do consumo de licopeno através de produtos derivados do tomate não tem relação com a proteção para o câncer de próstata, sugerindo apenas um efeito positivo em caso de história familiar, mas que requer novos estudos. Peter e col.7 também não observaram efeito protetor do licopeno no câncer de próstata.
Diferentes resultados devem ser levados em consideração avaliando os diferentes tipos de metodologias utilizados em cada estudo. Estudos que dependem da escolha de inquéritos alimentares, por exemplos, podem ter grandes limitações por dependem da habilidade de quem está entrevistando e de quem está dando as informações. Levantamentos que isolam um único nutriente devem ser analisados de forma cautelosa, porque o alimento é uma combinação de compostos. Por isso, exige-se muito cuidado atribuir um papel carcinogênico ou anticarcinogênico a um único fator da dieta.Como dito no início, o câncer é uma doença que envolve muitas causas e pode haver outros fatores agindo simultaneamente.
Análises de estudos apontaram que não são compostos isolados ou ingeridos na forma de suplemento que podem diminuir o risco de câncer, mas sim uma dieta rica em substâncias anticarcinogênicas.
Assim, permanece a orientação de muitos órgãos internacionais de ingerir uma dieta variada com no mínimo 400g de frutas e vegetais por dia.

FONTE:  Luciene Assaf de Matos (Nutricionista, Hospital A C Camargo, São Paulo, Brasil)

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